Quais são os pilares de uma vida saudável?
Hoje temos um novo conceito de Saúde, que envolve uma abordagem muito mais ampla do que simplesmente a ausência de doença. Os pilares de uma vida saudável envolvem muitos aspectos, como: felicidade e satisfação com a vida, saúde física e mental, significado e propósito de vida, caráter e virtudes, relacionamento sociais, estabilidade financeira e material, entre outros.
Não é de hoje a percepção de que nosso estilo de vida pode ser responsável pelo o aparecimento de diversas doenças. Desde a época de Hipócrates (460 a.C. – 370 a.C.), ele já dizia: “Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja o seu remédio”. Cada vez mais a ciência comprova a estreita relação entre o estilo de vida e as doenças crônicas não-transmissíveis, com por exemplo: diabetes mellitus tipo 2, obesidade, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares. Ao longo do tempo, mesmo com toda a evolução da tecnologia e a expansão da indústria farmacêutica, foi-se percebendo cada vez mais a importância dos bons hábitos de vida na prevenção, tratamento e até reversão de muitas doenças. Dentro desse contexto de uma busca por uma abordagem mais ampla de Saúde, em 2004 foi fundada a Medicina do Estilo de Vida (MEV), por John Kelly, MD, MPH, da Universidade de Loma Linda, em colaboração com um pequeno grupo de médicos visionários. A Associação Médica Americana premiou Dr. Kelly com o Award Excelência em Medicina em 2004 por sua liderança na criação do American College of Lifestyle Medicine (ACLM), e em 2016 Dr. Kelly foi honrado com o prêmio pioneiro da MEV. A MEV surgiu como um movimento que buscava um sistema de saúde diferenciado e sustentável, sempre amparado por estudos científicos e baseado em evidências e inclui uma abordagem científica interdisciplinar que prioriza o uso terapêutico do estilo de vida para prevenir, tratar e até mesmo reverter as doenças crônicas relacionados ao estilo de vida que estão cada vez mais prevalentes. MEV é a aplicação de princípios médicos, comportamentais, motivacionais e ambientais para tratar problemas de saúde relacionadas ao estilo de vida no cenário clínico. Autocuidado e autogerenciamento são elementos importantes da MEV. Desde a sua fundação essa forma de abordagem da saúde se popularizou por todo o globo, sendo um dos campos da medicina que mais cresce atualmente. Isso se deve especialmente ao fato de que a MEV representa a promessa de uma verdadeira reforma da saúde – que, na teoria, poderia ser aplicada em praticamente qualquer país, sendo uma verdadeira Revolução na Saúde e inclui a percepção entre promoção de saúde e Medicina Convencional. Estudos demonstram que cerca de 80% das doenças cardiovasculares e 91% dos casos de diabetes mellitus tipo 2 poderiam ser eliminados com práticas de estilo de vida saudável (Nurse Health Study, 2005). Apesar disso, menos de 40% dos médicos fazem aconselhamento sobre estilo de vida (National Library of Medicine. ClinicalTrials. gov, Health Professionals Follow up Study, 2020).
Com o aumento importante da ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis, também denominadas de doenças relacionadas ao estilo de vida, como síndrome metabólica, diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares, obesidade, câncer, e muitas outras; fica evidente a necessidade de intervenções mais efetivas para modificar os hábitos que constituem as suas verdadeiras causas primárias: Sedentarismo, Alimentação Inadequada, Estresse, Ansiedade, Depressão, Insônia, Tabagismo, Isolamento Social e Comportamento Abusivos.
MEV é a utilização da ciência da mudança para a promoção de mudanças de comportamento de saúde de maneira eficaz e duradoura.
Quais são os pilares da Medicina do Estilo de Vida?
Alimentação: o alimento pode ser remédio. Os hábitos alimentares de uma pessoa podem ser o tratamento (ou a causa) de muitas doenças. Por conta disso, a medicina do estilo de vida prega uma dieta saudável, que prioriza alimentos de origem vegetal, naturais e integrais em detrimento de alimentos industrializados, produtos de origem animal e alimentos ultraprocessados.
Atividade física: é comprovado que o sedentarismo pode levar a uma série de consequências à nossa saúde. Com base nisso, a medicina do estilo de vida defende a prática de atividade física (mesmo as não esportivas) para prevenção e tratamento de doenças. A prescrição de movimento exige criatividade do profissional de saúde, para que seja possível entender as possibilidades e expectativas da pessoa no incremento de movimento na vida diária, mesmo que não seja possível atingir a meta de, por exemplo, 150 minutos de exercício físico por semana. Hoje trabalhamos o conceito de “snacks” de movimento, ou seja, mesmo pequenos momentos de atividade física ao dia já possuem impacto significativo na saúde. Avaliar o tempo total sentado e o total de passos dados por dia são categorias importantes de avaliação de movimento, sendo que interromper o tempo total sentado pode ser uma estratégia bastante eficaz de promoção do movimento.
Controle do estresse: o estresse pode levar tanto à melhora da saúde e aumento da produtividade ou pode levar a ansiedade, depressão, obesidade, disfunções imunológicas, entre outras e essa resposta negativa ao estresse pode ter um grande impacto na saúde, gerando tanto problemas físicos quanto transtornos mentais. Auxiliar o paciente a encontrar maneiras de identificar tanto as respostas positivas quando negativas ao estresse é fundamental para a qualidade de vida. Algumas estratégias interessantes podem ser, por exemplo: 2 horas por semana de contato com a natureza, Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR) – meditação como ferramenta para reflexão e desenvolvimento de habilidades. Jon Kabat-Zinn é considerado o fundador do mindfulness contemporâneo. Logo nas primeiras turmas, em 1979, o curso Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR) teve grande repercussão, uma vez que diminuiu de maneira considerável o estresse dos participantes. Assim, pouco a pouco, Jon Kabat-Zinn aperfeiçoou a técnica a tal ponto que hoje ela é implementada por muitos serviços de saúde ao redor do mundo. Além disso, ele desenvolveu 9 atitudes do mindfulness que são formas de levar uma vida mais leve, consciente e saudável, que são: mente de principiante; não julgar; aceitação, deixar ir/soltar/ceder; confiar; paciência; não esforço (relaxar); gratidão e generosidade.
Saúde do sono: a privação de sono pode ocasionar muitos problemas para a vida de uma pessoa. A falta de um sono adequado pode afetar a concentração, a memória, o humor e até mesmo ocasionar disfunções imunológicas que abrem espaço para muitas doenças. É importante estimular o sono saudável, identificando e tratando distúrbios que prejudicam a qualidade do sono. Segundo Matthew Walker (professor de Neurociência e Psicologia da Universidade da Califórnia): “Dormir é a ação isolada mais eficaz que se pode fazer para restaurar o cérebro e o corpo todos os dias”.
Controle de tóxicos: as drogas ilícitas e também lícitas (álcool e tabaco) podem ser bastante nocivas para a nossa saúde. O tabagismo pode causar problemas do trato respiratório, está relacionado a doenças cardiovasculares e associado a diversos tipos de cânceres, principalmente o câncer de pulmão, que é o resultado mais conhecido do hábito de fumar. Já o consumo excessivo de álcool pode estar relacionado também a doenças cardiovasculares, alterações hepáticas e gastrointestinais, disfunção sexual, transtornos mentais e diversos tipos de cânceres – para citar apenas alguns dos problemas mais óbvios de cada um. Cessar o uso de tabaco e limitar o consumo de álcool é fundamental para quem busca uma vida mais saudável.
Relacionamentos: a conexão social é essencial para a resiliência emocional. Estudos mostram que o isolamento social está relacionado ao aumento da mortalidade. Precisamos nos relacionar com outras pessoas. Isolamento e solidão podem aumentar a predisposição a diversas situações de saúde. Por isso criar e manter conexões sociais é fundamental para nossa resiliência emocional, o que também pode afetar a nossa saúde física e mental.
“Bônus” – Transcendência / Espiritualidade: Apesar deste 7º pilar não estar oficialmente descrito, vários estudiosos em Medicina do Estilo de Vida, inclusive no Brasil, colocam a importância da Espiritualidade em nossa saúde. Espiritualidade é uma ciência e está alinhada com a ciência médica. Muitas vezes ocorre o desconhecimento científico ou confusão com outros termos, por exemplo, religião e religiosidade. Não se considerar a espiritualidade na medicina sinaliza desatualização científica e, portanto, limitação na qualidade assistencial prestada aos pacientes. Ressalto aqui a importância de diferenciarmos Religião/Religiosidade X Espiritualidade. “A Religião é um sistema organizado de crenças, práticas, dogmas e símbolos destinados a facilitar a proximidade com o transcendente. Religiosidade é o quanto o indivíduo acredita, segue e pratica uma determinada religião. Espiritualidade é um estado mental e emocional que norteia atitudes, pensamentos, ações e reações nas circunstâncias da vida de relacionamento, sendo passível de observação e mensuração científica, sendo que a ciência médica pode inclusive promover intervenções baseadas em espiritualidade”, diz o médico Álvaro Avezum Júnior, professor do centro de cardiopneumologia da USP e do programa de doutorado do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Avezum é um dos principais estudiosos do país da relação entre espiritualidade e saúde. Esteve à frente da iniciativa da Sociedade Brasileira de Cardiologia em publicar as Diretrizes Brasileiras Sobre Espiritualidade e Fatores Psicossociais, que integram o conjunto de prevenção cardiovascular. “A SBC foi a primeira sociedade de cardiologia do mundo a associar enfermidade moral a doença cardíaca, a partir de evidências científicas”, diz. No país, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP, por meio do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser), e a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com o Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes), têm investigado o quanto a espiritualidade (não necessariamente a religiosidade) do paciente auxilia na cura de doenças físicas e psíquicas – que podem ser agravadas a partir de sentimentos ruins e pensamentos destrutivos. Nos Estados Unidos, grandes instituições de ensino como a Escola de Medicina de Stanford, as Universidades Duke, a da Flórida, a do Texas e Columbia mantêm centros de estudos exclusivos sobre o assunto, assim como a Universidade de Munique, na Alemanha, a de Calgary, no Canadá, e o Royal College of Psychiatrists, no Reino Unido. Para os centros de pesquisa, há um conjunto de evidências que indicam que diversas expressões da espiritualidade têm impacto significativo na saúde e no bem-estar, associadas a menores níveis de mortalidade, depressão, suicídio, uso de drogas, ou mesmo internações e medicamentos. As instituições ressaltam que espiritualidade é diferente de religião: em tese, uma pessoa religiosa é espiritualizada; mas alguém espiritualizado não necessariamente segue uma religião – e pode até não acreditar em Deus. A espiritualidade estaria ligada à busca pessoal de um propósito de vida e de uma transcendência, envolvendo também as relações com a família, a sociedade e o ambiente.
Em resumo, a Medicina do Estilo de Vida visa ao tratamento da maior parte das doenças modernas; trata a mudança de estilo de vida como parte da cura; é tratamento de primeira linha; preconiza o uso racional de medicamentos, sempre baseado em evidências e também outras modalidades; requer um papel ativo da pessoa que deseja a melhora e manutenção da saúde; requer engajamento e responsabilidade; promove o processo educativo do paciente e é uma abordagem capaz de reduzir custos e de potencializar a qualidade de vida.
O que não é Medicina do Estilo de Vida (MEV)?
Medicina Complementar Alternativa: conjunto de práticas, sistemas de saúde, produtos, não necessariamente ensinados em escolas médicas e em geral não reconhecidas pelos conselhos médicos. A lista do que é atualmente considerada Medicina Alternativa muda continuamente.
Medicina Integrativa: este campo da medicina atende às necessidades do paciente através de uma combinação de medicina convencional, complementar e alternativa. Por definição, integra métodos de medicina alternativa e complementar baseados na experiência com métodos convencionais baseados em evidências.
Medicina Funcional: esta prática da medicina se concentra nas funções fisiológicas e bioquímicas do corpo (de células de sistemas orgânicos), investigando o equilíbrio e processos do metabolismo celular, função digestiva, detoxificação e controle do estresse oxidativo.
Medicina Mente-Corpo: a medicina mente-corpo investiga as interações entre o corpo e mente de forma comportamental, emocionalmente, mentalmente, socialmente e espiritualmente. Ele trata com modalidades como relaxamento, hipnose, imagens visuais, meditação, yoga, biofeedback, espiritualidade, tai chi, etc. Alguns tratamentos mente-corpo são muito solidamente baseados em evidências, enquanto outros aspectos ainda não foram comprovados.
O que é ser uma pessoa saudável?
Uma antiga definição de saúde fazia referência apenas à ausência de doenças. Mas, atualmente, compreende-se a saúde como um conjunto de ações, hábitos e condições que proporcionam o bem-estar geral do ser humano: a qualidade de vida.
A criação da Organização Mundial da Saúde (OMS), após a Segunda Guerra Mundial, procurou definir a saúde de forma positiva, incluindo fatores como alimentação, exercícios e até mesmo o acesso da população ao sistema de saúde, abrindo espaço para uma visão mais ampla do tema.
Quais os benefícios a longo prazo de uma vida saudável?
Os benefícios em se buscar um estilo de vida saudável vai muito além da prevenção de doenças. Quando se busca um vida mais saudável, contemplando a prática de exercício físico regular, alimentação saudável, atenção aos relacionamentos, controle de tóxicos, gerenciamento adequado do estresse e sono reparador também temos um impacto determinante em nossa qualidade de vida, no nosso humor, na memória, na saúde mental e na maneira como nos relacionamos com as outras pessoas e com o mundo que nos cerca.
Como ter uma vida mais saudável e feliz?
Será que basta sermos saudáveis para sermos felizes?
Dentro desse contexto, compartilho muito dos conceitos da psicologia positiva, que foi criada e difundida por Martin Seligman e que se afasta dos objetivos da psicologia tradicional, cujo foco é o alívio do sofrimento humano. O inovador conceito se concentra nas emoções e nos comportamentos positivos para que as pessoas encontrem o máximo de bem-estar. A felicidade por si só não dá sentido à vida. O bem-estar vira o centro das atenções e a felicidade (ou emoção positiva) se torna um dos cinco pilares da psicologia positiva.
Hoje temos um conceito chamado Florescimento, que nos traz uma nova compreensão da felicidade e do bem-estar. Florescer é uma teoria desenvolvida por Martin Seligman, que é psicólogo e tem um papel muito importante dentro da Psicologia Positiva. O tema da psicologia positiva é o bem-estar, sendo que o principal critério para a mensuração do bem-estar é o florescimento e o objetivo da psicologia positiva é aumentar esse florescimento na vida das pessoas e no planeta. A teoria do bem-estar tem cinco pilares: emoções positivas, engajamento, relacionamentos positivos, sentido e realização. E cada um desse elementos tem essas três propriedades: contribui para a formação do bem-estar; muitas pessoas o buscam por ele próprio e não apenas para obter algum dos outros elementos; é definido e mensurado independentemente dos outros elementos (exclusividade).
Para Seligman, através dessas emoções positivas as pessoas podem florescer, o que significa expandir seu potencial e se abrir. O conceito se baseia em construir uma nova concepção do que vem a ser a natureza da felicidade e do bem-estar. Afinal, de modo geral, todos os indivíduos, consciente ou inconscientemente, buscam um caminho que os levem a “florescer” e os faça se tornarem pessoas mais felizes e realizadas.
Foi pensando nisso que Martin Seligman desenvolveu o método PERMA, que é um acrônimo:
- Positive emotions (emoções positivas);
- Engagement (engajamento);
- Relationship (relacionamento);
- Meaning (sentido);
- Achievement (realização).
POSITIVE EMOTIONS – EMOÇÕES POSITIVAS
O primeiro elemento na teoria do bem-estar é a emoção positiva. É também o primeiro na teoria da felicidade autêntica. Mas continua a ser a pedra angular da teoria do bem-estar, embora com duas mudanças cruciais. As emoções positivas possuem um papel muito importante para o florescimento e é aquilo que sentimos: prazer, entusiasmo, êxtase, calor, conforto e sensações afins. Apesar disso, a felicidade e a satisfação com a vida, como medidas subjetivas, deixam de ser o objetivo de toda a teoria para ser apenas um dos fatores incluídos sob o elemento da emoção positiva. Uma vida conduzida com êxito em torno desde elemento Martin Seligman chamou de “vida agradável”.
ENGAGEMENT – ENGAJAMENTO
Este segundo elemento está ligado a uma posição de entrega: entregar-se completamente, sem se dar conta do tempo, e perder a consciência de si mesmo durante uma atividade envolvente. O engajamento é algo diferente, até oposto, de uma emoção positiva; pois quando você pergunta às pessoas que se entregam a uma atividade o que estão pensando e sentindo, elas geralmente dizem: “Nada”. No envolvimento nós nos fundimos com o objeto. A atenção concentrada exigida no engajamento consome todos os recursos cognitivos e emocionais que formam nossos pensamentos e sentimentos. Assim como a emoção positiva, esse elemento também é avaliado apenas de forma subjetiva: “Você teve a sensação de que o tempo parou?”, “Ficou completamente absorvido pela tarefa?”
RELATIONSHIP – RELACIONAMENTO
Os relacionamentos e as conexões sociais foram cruciais para a sobrevivência da espécie humana e continuam sendo fundamentais. Relacionamentos positivos com os pais, irmãos, cônjuges, filhos, colegas de trabalho e amigos são um fator chave para a felicidade. Relacionamentos sólidos também são de grande valor em tempos desafiadores que exigem resiliência.
Para se ter uma ideia, os relacionamentos são tão importantes que nossos centros de dor no cérebro são ativados quando corremos o risco de ficarmos isolados. O isolamento dói fisicamente, porque, como mencionado, nos primórdios da humanidade estar isolado envolvia correr o risco de não sobreviver em meio à vida selvagem. Então, temos essa ativação da dor como um mecanismo de sobrevivência.
Quando solicitado a resumir, em duas ou três palavras, do que se trata a psicologia positiva, Christopher Peterson, um de seus fundadores, respondeu:
– Das outras pessoas.
Bem poucas coisas positivas são solitárias. Quando foi a últimas vez em que você deu uma gargalhada? E quando foi a última vez em que se sentiu muito orgulhoso de uma realização? Provavelmente todos eles aconteceram em torno de outras pessoas. As outras pessoas são o melhor antídoto para os momentos ruins da vida e a fórmula mais confiável para os bons momentos.
É muito interessante o fato de que os cientistas descobriram que praticar um ato de bondade produz um aumento momentâneo no bem-estar maior do que qualquer outro exercício que já se tenha testado. Para George Vaillant, psiquiatra da Harvard, o principal poder que alguém pode ter é a capacidade de ser amado. Inversamente, como argumentou o neurocientista social John Cacioppo, a solidão é uma condição tão debilitante que nos obriga a acreditar que a busca de relacionamentos é um fundamento básico para o bem-estar humano.
MEANING – SIGNIFICADO
Os seres humanos, indiscutivelmente, querem ter sentido e propósito na vida. A vida com sentido consiste em pertencer e servir a algo que você acredite ser maior do que eu, e a humanidade cria todas as instituições positivas que permitem isso: a religião, o partido político, a família, fazer parte de um movimento ecológico ou de um grupo de escoteiros.
ACHIEVEMENT – REALIZAÇÃO
A realização (ou conquista) é buscada por ela própria, mesmo quando não produz emoção positiva, sentido ou relacionamentos positivos.
Vale salientar que nenhum desses elementos acima definem a teoria do bem-estar, mas todos contribuem para ele. Alguns aspectos desses cinco elementos são avaliados subjetivamente pelo relato de uma pessoa, mas outros aspectos são mensurados objetivamente. Na “Teoria da Felicidade Autêntica” a felicidade é a peça central da psicologia positiva. É uma coisa real definida pela mensuração da satisfação com a vida. A felicidade tem três aspectos: emoção positiva, engajamento e sentido, cada um dos quais contribui com a vida e é medido inteiramente pelo relato do sujeito.
Há uma pendência a esclarecer: na teoria da felicidade autêntica, as forças e virtudes pessoais – bondade, inteligência social, humor, coragem, integridade, etc (existem 24 delas) – são o suporte do engajamento. Você entra no envolvimento quando seus pontos mais fortes são empregados para enfrentar os maiores desafios que surgem no seu caminho. Na teoria do bem-estar, essas 24 forças pessoais sustentam todos os cinco elementos. O emprego de maiores forças leva a mais emoção positiva, mais sentido, mais realização e melhores relacionamentos.
A teoria do bem-estar tem a ver com todos os cinco pilares, sendo que o que sustenta esses cinco pilares são as forças pessoais.
O que é ter um estilo de vida saudável?
Ter um estilo de vida saudável pode parecer complicado para algumas pessoas, mas a verdade é que nada é tão difícil assim quando compreendemos que todos temos capacidade para construir a saúde que desejamos para nós mesmos, através das nossas escolhas diárias. Portanto, saber como ter um estilo de vida saudável é essencial para vivermos uma vida mais longa e com qualidade.
“Estilo de vida” é um conceito que engloba o indivíduo como um todo, combinando aspectos físicos, mentais, espirituais e sociais. O estilo de vida é definido, então, pelas escolhas frequentes que alguém faz para si em todos estes aspectos, ou seja, o estilo de vida é produto dos diversos hábitos que uma pessoa tem.
Um estilo de vida saudável é um conjunto de comportamentos individuais capazes de favorecer a saúde e, dentro destes comportamentos estão as escolhas alimentares, a prática da atividade física, as relações sociais, entre outros. Mudar alguns hábitos antigos pode ser desafiador, porém é possível criar grandes transformações fazendo pequenas mudanças todos os dias.
Como o estresse pode impactar na saúde e na qualidade de vida?
Existem dados mostrando que cerca de 70% das visitas ao provedor de cuidados primários estão relacionadas ao estresse e estilo de vida. Quando as pessoas estão estressadas e oprimidas, é menos provável que adotem hábitos saudáveis, embora hábitos saudáveis possam melhorar o humor. O estresse e a doença têm uma relação multifatorial complicada.
O estresse afeta os órgãos e o equilíbrio neuroendócrino, além de suprimir o sistema imunológico, porém, pode ser diagnosticado e tratado com sucesso (com mudanças no estilo de vida e medicamentos), sendo que próprio paciente deve ter um papel ativo dentro desse processo de mudança, sendo responsável por realizar autogestão a fim de promover o bem-estar emocional, como por exemplo:
1. Conectar-se com outras pessoas.
- Passar tempo e conversar com a família e os amigos
- Participar de grupos de apoio
2. Experimentar maneiras diferentes e saudáveis de relaxar (por exemplo, ouvir música, fazer exercícios, dançar, meditar ou praticar yoga).
3. Reservar um tempo para atividades divertidas e hobbies que estimulem a criatividade.
4. Manter um diário sobre eventos estressantes ou gratidão.
5. Cuidar das necessidades espirituais.
Além disso, devemos estimular a reestruturação cognitiva, incentivando que o paciente:
1. Olhe para os eventos de um ângulo diferente propositalmente
- Considere: “Existe outra maneira de ver a situação?”
- Lembre-se de que não é útil se concentrar em eventos que não podem ser alterados.
2. Melhore o humor observando o que está indo bem na vida.
- Concentre-se nas realizações do passado ou nos desafios que já foram superados.
Nós, como profissionais de saúde, devemos ser responsáveis, junto com o paciente em criar um plano de ação e também um plano de prevenção de recaída.
A mudança de estilo de vida é fundamental, porém, sabemos que mudar hábitos não é tão fácil. Quais as orientações?
De que forma o nosso estilo de vida pode evitar ou mudar a evolução das doenças?
A prova conclusiva do poder de recuperação do corpo está sendo apresentada por novas disciplinas científicas como a neurociência, a epigenética, a física quântica e a psiconeuroimunologia. No passado, acreditava-se que os genes e o DNA determinavam a biologia do ser humano, porém novas descobertas demonstraram que a verdade é exatamente ao contrário. O Dr. Bruce H. Lipton, famoso biólogo celular, promoveu a teoria de que os pensamentos e o ambiente exercem uma influência direta sobre os genes. Em um artigo intitulado “Mind over Genes”, Lipton apresenta uma explicação científica para o mecanismo de remissão espontânea.
O ambiente controla as atividades dos genes por meio de um processo conhecido como controle epigenético. Essa nova perspectiva de biologia humana não encara o corpo apenas como um dispositivo mecânico; mais exatamente, ela incorpora o papel de uma mente e um espírito. O avanço revolucionário na biologia é fundamental em todo tipo de cura porque reconhece que, quando mudamos a nossa percepção ou convicções, enviamos mensagens inteiramente diferentes para as nossas células e reprogramamos a maneira como elas se expressam. A nova biologia revela por que as pessoas podem ter remissões espontâneas ou se recuperar de lesões consideradas como uma incapacidade permanente.