O que os indivíduos fazem em suas vidas diárias impacta profundamente no curto e longo prazo na saúde e na qualidade de vida. Esses hábitos incluem nutrição adequada, atividade física regular, controle de peso, evitar uso de tóxicos – evitar tabaco e consumo de álcool com moderação, controle de estresse e muitas outras práticas – todas as quais agrupamos sob o termo genérico “Medicina do Estilo de Vida”. Dentre as muitas práticas importantes que os indivíduos podem realizar em seu vidas, não existe um único hábito ou prática de estilo de vida mais poderosa que melhorou a saúde e a qualidade de vida do que a atividade física regular. Uma extensa literatura produzida ao longo das últimas duas décadas documenta que a atividade física moderada ou vigorosa reduz de maneira muito importante a probabilidade de desenvolvimento de doenças crônicas e exerce um forte impacto na qualidade de vida. Além disso, a atividade física regular não apenas apresenta um papel fundamental na redução do risco de doenças crônicas, mas também atua como uma importante forma de tratamento. Por todas estas razões, a atividade física regular é fundamental na prevenção e tratamento de doenças crônicas. Isso é reconhecido nas diretrizes de inúmeras organizações profissionais que vão desde a American Heart Association (AHA), a Academia Americana de Pediatria (AAP), American Diabetes Association (ADA) e muitas outras. O Comitê Consultivo de Diretrizes de Atividade Física de 2018 realizou uma revisão sistemática da ciência que apoia a atividade física e a saúde. A comissão abordou 38 questões e 104 subquestões e classificou as evidências com base na consistência e qualidade das pesquisas. Evidências classificadas como fortes ou moderadas foram a base das principais diretrizes. O Department of Health and Human Services baseou as novas diretrizes no chamado Physical Activity Guidelines Advisory Committee Scientific Report, que forneceu um enorme e convincente corpo de evidências sobre os múltiplos benefícios da atividade física regular. Esses benefícios se estendem ao longo da vida e para várias doenças crônicas, bem como questões relacionadas à qualidade de vida. O American College of Sports Medicine (ACSM) é líder há muitas décadas nessa área. O American College of Lifestyle Medicine (ACLM) e a AHA também têm desempenhado um papel muito significativo na defesa de mais atividade física e recomendam a atividade física regular como um componente fundamental para preservar a saúde e melhorar a qualidade de vida. Apesar das enormes evidências agora disponíveis sobre a relação positiva entre atividade física e saúde, a comunidade médica tem demorado a adotar esse conceito como um componente importante da rotina de cuidados de saúde. Estima-se que menos de 40% dos médicos aconselham regularmente seus pacientes sobre a importância da atividade física regular.
A atividade física é um componente extremamente importante para a saúde e prevenção de várias doenças. Estudos demonstram que a prática de atividade física regular é capaz de reduzir o risco de inúmeras doenças, como doenças cardiovasculares, DM2, síndrome metabólica, obesidade, demência (incluindo Alzheimer), transtornos mentais, risco de queda e vários tipos de câncer. Além disso, também é importante para a função cerebral e cognitiva, bem como a saúde mental e diminui o risco de ansiedade e depressão, além da redução de sintomas de estresse. Também previne ganho de peso em crianças, adolescentes e adultos. A atividade física de faz importante desde a infância até os estágios finais de vida.
Praticamente todas as diretrizes relacionadas a doenças crônicas contemplam recomendações sobre atividade física regular e sua importância tanto em nível individual quanto em nível populacional. Ela pode melhorar a qualidade de vida por melhorar a qualidade do sono, aumentar sentimentos de bem-estar e melhor disposição para as atividades diárias. Alguns dos benefícios podem ser perceptíveis imediatamente e outros requerem a prática regular. Outras condições de saúde que podem se beneficiar muito com a prática é a osteoartrose e a hipertensão arterial.
Benefícios de saúde relacionados à atividade física para a população em geral e populações selecionadas documentados pelo Comitê Consultivo das Diretrizes de Atividade Física de 2018 |
Crianças |
3-6 anos de idade Melhor saúde óssea e status de peso |
6-17 anos de idade Melhor função cognitiva (idades 6-13 anos) |
Melhor aptidão cardiorrespiratória e muscular |
Melhor saúde óssea |
Melhor status do fator de risco cardiovascular |
Melhor status de peso ou adiposidade |
Menos sintomas de depressão |
Adultos, todas as idades |
Mortalidade por todas as causas Baixo risco |
Condições cardiometabólicas Menor incidência e mortalidade cardiovascular |
Menor incidência de hipertensão arterial |
Menor incidência de diabetes mellitus tipo 2 |
Câncer Menor incidência de câncer de bexiga, mama, cólon, endométrio, esôfago, rim, estômago e pulmão |
Saúde do cérebro Redução do risco de demência |
Melhor função cognitiva |
Melhor qualidade de vida |
Melhor qualidade de sono |
Sentimentos reduzidos de ansiedade e depressão em pessoas saudáveis e em pessoas com síndromes clínicas existentes |
Menor incidência de depressão |
Status do peso Redução do risco de ganho de peso excessivo |
A perda de peso e a prevenção da recuperação do peso após a perda de peso inicial quando uma dose suficiente de atividade física moderada a vigorosa é alcançada |
Efeito aditivo na perda de peso quando combinado com restrição calórica moderada |
Adaptada de: Physical Activity Guidelines Advisory Committee Submits Scientific Report. Office of Disease Prevention and Health Promotion, Washington, DC. 2018.