Obesidade em adolescentes

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Quais são as causas e consequências da obesidade em adolescentes?

A obesidade é uma doença crônica, complexa e multifatorial. O seu desenvolvimento ocorre, na grande maioria dos casos, pela associação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. O excesso de peso na infância e adolescência pode ocasionar o surgimento de vários outros problemas de saúde como: diabetes mellitus, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, alterações esqueléticas e até mesmo transtornos de humor, transtornos de ansiedade.

As crianças e os adolescentes, em geral, ganham peso com facilidade devido a hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, aspectos genéticos associados, distúrbios psicológicos e até mesmo relacionados a questões familiares.

O que é sedentarismo na adolescência?

As diretrizes atuais recomendam pelo menos 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada a vigorosa por semana para todos os adultos, incluindo quem vive com doenças crônicas ou incapacidade, e uma média de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes. Estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que um em cada quatro adultos e quatro em cada cinco adolescentes não praticam atividade física suficiente. A atividade física regular é fundamental para prevenir e controlar doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e câncer, bem como para reduzir os sintomas de depressão e ansiedade, reduzir o declínio cognitivo, melhorar a memória e exercitar a saúde do cérebro.

Quando a pessoa sedentária inicia uma atividade física, a intensidade pode ser baixa e o que vai gerar a repercussão positiva é a regularidade. Para que o adolescente tenha benefícios, o mínimo de 1 hora de atividades por dia é indicado porque a intensidade é leve e a frequência é mais importante. Separar 1 hora para exercícios físicos é uma indicação bastante razoável e que trará inúmeros benefícios nas outras 23 horas do dia.
Toda atividade física é benéfica e pode ser realizada como parte do trabalho, esporte e lazer ou transporte (caminhada, roda e bicicleta), mas também por meio da dança, brincadeiras e tarefas domésticas cotidianas, como jardinagem e limpeza.

“Qualquer tipo de atividade física, de qualquer duração, pode melhorar a saúde e o bem-estar, mas quanto mais exercício melhor”, disse Ruediger Krech, diretor de Promoção da Saúde da OMS.

Qual é a quantidade ideal de atividade física para a criança e o adolescente e quais os potenciais benefícios?

A atividade física resulta em múltiplos benefícios para as crianças e adolescente. Nas Diretrizes de Atividade Física para Americanos de 2008 (2008 PAGA), foram feitas recomendações de 60 minutos de atividade física de intensidade moderada por dia para crianças de 6 a 17 anos. Essa recomendação foi ampliada no PAGA 2018, pois havia dados suficientes para indicar que também havia benefícios para crianças de 3 a 6 anos. Em crianças de 3 a 6 anos, a atividade física demonstrou melhorar a saúde óssea e o status do peso. Em crianças de 6 a 17 anos, a atividade física regular melhora a saúde óssea e o status do peso e também melhora a aptidão muscular, a função cognitiva e a aptidão cardiorrespiratória.

Quais são os fatores de risco da obesidade infantil?

Consumo excessivo de alimentos gordurosos: a transição alimentar que aconteceu nos anos 70 e 80 contribuiu para a nutrição inadequada das crianças e adolescentes de hoje. Aa refeições deixaram de ser preparadas pelas famílias, dando lugar a alimentos processados e ultraprocessados, com excesso de gorduras e açúcares refinados. As crianças costumam imitar os pais e, assim sendo, se os pais têm hábitos alimentares errados, acabam induzindo seus filhos a se alimentarem da mesma forma.

Falta de atividade física: a vida sedentária facilitada pelos avanços tecnológicos (computadores, celulares, televisão, videogames etc.), fazem com que as crianças não precisem se esforçar fisicamente. Soma-se a isso o medo da violência urbana que leva as crianças a passarem mais tempo em casa, na maioria do tempo paradas em frente aos equipamentos eletrônicos.

Ansiedade: não são apenas os adultos que sofrem de ansiedade provocados pelo estresse do dia a dia e pelas pressões da sociedade. Crianças e jovens também são cada vez mais alvos deste mal, que pode provocar uma alimentação compulsiva, como “fuga” da realidade.

Depressão: pessoas com sintomas de depressão sofrem alterações no apetite, podendo emagrecer ou engordar. Algumas pesquisas comprovam que a pessoa deprimida, geralmente, não pratica atividades físicas e come mais doces, principalmente, o chocolate.

Fatores hormonais: a obesidade pode ter correlação com variações hormonais tais como: excesso de insulina; deficiência do hormônio de crescimento; excesso de corticoides, entre outros.

Fatores genéticos: pesquisas revelam que a criança que tem pais acima do peso corre o risco de se tornar obesa também porque a obesidade pode ser adquirida geneticamente.

O que fazer para controlar a obesidade?

O tratamento da obesidade deve ser sempre multidisciplinar e envolve mudanças na alimentação e no estilo de vida, ajustes na dinâmica familiar, incentivo à prática de atividade física e apoio psicossocial. Para crianças e adolescentes, o envolvimento de toda a família é fundamental para garantir o sucesso do tratamento e permitir a adesão dos pacientes à terapia.

Como lidar com a obesidade na adolescência?

Independentemente do tratamento escolhido para tratar a obesidade na adolescência, alguns pontos são essenciais para o sucesso:

  • Ofereça um atendimento individualizado: se possível, faça um acompanhamento mais próximo, a cada 15 dias, por exemplo.
  • Realize uma anamnese alimentar completa: detalhada em qualidade, quantidade, preferências e intolerâncias, dentre outros.
  • Deixe os objetivos do tratamento bem definidos: buscando sempre aumentar a conscientização, o conhecimento e a motivação do adolescente, colocando-o como protagonista do processo.
  • Conheça bem o estadiamento puberal, isso ajudará a direcionar a ingesta calórica da melhor forma.

 

Tendo esses pontos em mente, lembre-se de reduzir gradualmente a ingestão calórica encontrada na anamnese. É fundamental não impor calorias especificadas em tabelas sem uma adaptação do adolescente. Além disso, seja sempre flexível, nunca autoritário. O sucesso do tratamento também depende da relação criada com o paciente, especialmente nessa faixa etária.

Assim, apoie sempre as partes positivas alcançados no tratamento, e indique soluções práticas para as negativas. Uma dica muito valiosa é envolver a família e incentivar participação em grupos de obesos e atividades educativas. Geralmente, os grupos trabalham excelentes atividades de reeducação alimentar e educação física; ambos excelentes para combater a obesidade na adolescência.

Como saber se o adolescente está obeso?

O diagnóstico de obesidade é feito pelo cálculo do IMC (peso em kg/estatura em m²) e devem ser comparados com as tabelas específicas para adolescentes. Via de regra, utiliza-se o percentil 85 para a definição de sobrepeso e 95 para obesidade.
Texto escrito e revisado por:

Dra. Jacy Maria Alves

Endocrinologia | CRM 27085 | RQE 17834 e RQE 17665

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